Entrevista com Bruna Carvalho
		24/05/2017 14:51
		   Por: Malu Avellar
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A estudante Bruna Carvalho, mais conhecida como Brunete, é moradora da favela da Rocinha e é uma típica carioca. Com muito gingado, samba no pé, personalidade forte e uma beleza que só a mulher brasileira tem, a morena jamais passa despercebida. Com 18 anos, ela sabe montar looks incríveis que chamam atenção e refletem um pouco de quem ela é e de sua história.
Essa semana, Brunete conversou com uma de nossas colaboradoras sobre a ditadura da moda na favela, apropriação cultural e outros assuntos, e o bate-papo você confere aqui:
Papo de Periferia: Quando você passou a se interessar pela moda e a se preocupar mais com o que vestia?
Bruna: Acho que foi após meus 12 anos, que comecei a perceber que minha mãe escolhia as roupas para mim e eram de ótimo gosto, então fui pegando isso dela e vi que podia me vestir da forma que eu gostava.
PP: Na sua opinião, há diferenças entre a moda e como ela é feita dentro da favela e fora dela? 
	B: Acredito que não tenha essa moda dentro da favela e fora, tudo é questão de gosto ou simplesmente condições de vida. Se a pessoa mora na favela mas pode se vestir bem pois tem condições, porque não? Por um outro lado, tem gente que não tem essas prioridades, tem outras responsabilidades à frente desse caso, então como ela pode se manter na moda? Entende?
	
		 
	
		PP: Você já sofreu preconceito por se vestir ou usar seu cabelo de uma determinada maneira? 
	
		B:  Não, pelo menos na minha frente ninguém nunca me falou nada ou nunca ouvi.
	
		 
	
		PP: A opinião das pessoas influencia ou já influenciou o seu modo de se vestir?
	
		B:  Sim, não é bem influenciar, mas levei essa questão como inspirar, não sei se posso dizer assim... me baseio na forma em que pessoas que "podem" se vestir bem se vestem. Não sei se é uma influência. 
	
		 
	
		PP: O que você pensa sobre apropriação cultural?
	
		B: As pessoas tem o livre arbítrio de usar o que quiserem, se uma branca quiser usar um turbante, qual o problema? O problema das pessoas hoje em dia é a falta de conhecimento, falta de diálogo, conversa. Se soubessem o quanto eles se expõem ao ridículo dessa forma, eles iriam pensar mais antes de criticar qualquer pessoa que se apropria de uma cultura distinta. 
	
	
		
			PP: Existe muita competitividade entre as mulheres dentro da favela na questão de moda e beleza? 
		
			B: Bom, ao meu ver é como eu disse na pergunta 2, quem tem dinheiro, que são as mulheres do "dono", acredito que sejam as que mais tem condições de andar da forma que querem e sempre por dentro de tudo, agora as que tentam uma coisinha melhor, somente olham e tentam copiar ou ser melhor. A questão da beleza para elas da grana, é salão todo dia, agora para as outras de 15 em 15 dias.
	 
	
		
			PP: Você acha que a ditadura da moda é mais cruel com mulheres que moram em favelas?
		
			B: Pode ser que sim, quando você vê alguém que não esteja arrumada ou cheirosa na rua eu aposto que a primeira coisa que pensam é  "favelada" ou "é do morro". O mundo criou um padrão de beleza muito grande entre as pessoas.
		
			 
		
			
				PP. Enquanto criança, sua auto-estima era afetada por conta disso?
			
				B: Um pouco, era bem zoada pois não estava nos "padrões de beleza", sempre estudei em colégio particular desde pequena, então havia muita menina bonita, riquinha e eu não era daquela forma, então era criticada sim por outras pessoas e ignorada. E aquilo acabava comigo, mas o tempo foi passando e as coisas mudando, graças a Deus. 
			
				 
			
				PP Na sua opinião, como essa ditadura pode ser combatida? A união entre as mulheres é um fator importante pra que isso aconteça? 
			
				B: Sinceramente? Acho que se o mundo não estivesse tão "virado" ainda haveria solução, não consigo pensar em nada que possa mudar essa revolução, essa junção de preconceitos e coisas ruins.
		 
		
	 
	
		 
	
		 
	
		 
	
		 
	
		Atividade Supervisionada de Geopolítica - Turma: 857
		Professora: Luciane Conrado 
		Maio/ Junho 2017
	 
 
 
		
		
		
		
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